Toda suja de tinta

Deveriam abolir a finissage de obrigações de um artista. Por aqui devemos estar presentes pelo menos três vezes durante o período da exposição.
A vernissage tudo bem que seria o inicio da exposição, mas uma finissage é apenas pra perder o meu tempo. Quem queria ir já foi no primeiro dia e quem queria comprar também já comprou. É verdade que em duas exposições acabei vendendo para retardatários no dia da finissage que é o último dia da exposição.
O que me irrita mais e me frustra bastante é que muitos que vão as galerias gostam do meu trabalho mas não têm coragem para comprar uma tela. Primeiro era problema por serem telas grandes, diminui o tamanho de algumas o que foi um bom exercício para mim já que na faculdade diziam que a minha pintura exigia mais espaço, telas bem grandes. Depois que eram caras, o que não é verdade pois gastam com pinturas medíocres e pequenas uns 500 francos sem reclamarem, é claro que ainda não sou conhecida o que não conta nada a meu favor no mundo das artes. A grande verdade é que minhas pinturas são muito fortes em cores para os olhos de um europeu central. Se eu pintasse tudo em tons pastéis ou em preto e branco e um cinza eles iriam amar mas eu não essas cores não estam em mim ainda pois pelo andar da carroagem minha próxima exposição será um pequeno protesto um quase luto a covardia européia em ter cor dentro de casa. Só latino,mediterrâneo e africano gostam de cores?

Pincel e filosofia...Ontem foi a leitura do meu marido, Markus e um amigo de Bern, Hartmut ambos escrevem num weblog e foi a segunda vez que se encontraram para lerem mas foi a primeira vez que leram juntos, cada um ia lendo um tanto. Não sabia bem o que liam, as palavras eu compreendia mas o que juntas significavam foi quase impossível, não tenho tanta rapidez ou fluência no idioma. Markus falou que realmente até para que fala alemão era um texto complexo, não era para fazer sentido, seria um texto abstrato como minha pintura.
O texto era para fazer par com as telas na galeria, aliás ele foi lido na galeria. Foi uma noite super agradável, full time Deutsch e arrisquei um pouco de inglês mas este foi para o lixeira do meu computadorzinho.
Haviam dois músicos nos ouvintes que compararam o texto do Markus e as minhas telas ao Jazz.
No período de estudante da Faculdade lembro de ter lido algo sobre abstracionismo e jazz mas não é um gênero musical que me atrai. Serei obrigada a rever pois me parece bem interessante este paralelo.
Jazz é muito amplo, aqui na Suíça o grupo Tribalistas é considerado jazz, existe o smooth jazz, ambient jazz, free jazz e sei lá mais quantos.

Essas são quatro das 20 telas que colocarei na exposição em Zurique. Torço para vender bastante para eu poder retomar o curso de alemão, depois que puder deixar a PIPOCA sozinha, sem infernizar os ouvidos dos vizinhos. Tenho idéia de fazer ano que vem alguns cursos na minha área de pintura . Preciso de mais um pouco de alemão apesar de saber que as aulas serão em suíço alemão.